Mães perdoam

Mães perdoam

por Denise Rangel em 05/03/2007

Por que este post?

Durante algum tempo, incomodava-me o fato de alguns amigos considerarem-me uma pessoa iluminada ou especial por eu perdoar quem tirou a vida de meu filho. Mas , a capacidade de uma mãe perdoar o assassino do filho é muito mais comum do que se imagina. Não sou a primeira, e nem serei a última, que descobriu que, mesmo quando se tem um ente querido arrancado da família de forma brutal, ainda é possível encontrar forças para perdoar.

Faço este post, não por ser uma pessoa mórbida, mas para mostrar que o perdão foi a coisa mais importante que aprendi em todas as adversidades por que já passei. Nenhum sentimento foi tão vital pra minha vida quanto este. E não é privilégio só meu. Vejam outros casos reaisde pessoas que passaram por situações semelhantes ou piores que a que vivenciei e que receberam o dom de perdoar e hoje estão bem.

É o amor que ajuda a curar as feridas

Em pleno julgamento, mãe argentina se aproximou do assassino de seu filho, perdoou-o publicamente, deu-lhe de presente um terço, abraçou-o e pediu que se aproximasse de Deus. A história aconteceu na cidade de Esquel, na sulina província de Chubut.

Ana María Suárez foi ao julgamento de Fabián Chávez, de 25 anos de idade, assassino confesso de seu filho Mariano Drew. Diante dos presentes, a mulher afirmou “somente a oração acalma a cada dia minha dor… Mas também pensava em você, que é tão jovem. Não vou te fazer mal. Só quero te dar isto“, disse-lhe antes de entregar um terço.

E acrescentou: “Só Deus cura as feridas. Eu te perdôo. E se meu filho te ofendeu te peço perdão. Eu o amava e agora quero que você não sofra. O destino que te cabe me dói porque trabalho com jovens. Nesta terra há muita violência. E você foi vítima dela desde que nasceu. É o amor que também ajuda a curar as feridas”. E o abraçou. (leia aqui)

Se todos tivéssemos um coração assim…

A dolorosa despedida do casal de missionários assassinados em Palau, na Micronésia, juntamente com seu filho de 11 anos, foi enriquecida por uma surpreendente demonstração de espírito de perdão da parte da mãe do pastor Ruimar de Paiva. Para surpresa de todos os presentes, Ruth DePaiva convidou a mãe do homem acusado de matar o pastor, sua esposa e filho, para permanecer ao lado dela junto ao altar durante boa parte da cerimônia.

O Presidente da República de Palau, Tommy Remengesau, afirmou que considerou o crime uma “chocante tragédia”, e que ele, como muitos, ficou sensibilizado pela visita e o perdão de Ruth DePaiva ao assassino de seu filho, nora e neto. “Esse é o tipo de coração que todos nós deveríamos ter, porque se todos nós neste país tivéssemos um coração assim, nada disto teria acontecido.” (leia aqui)

Ela também perdoaria

Em 2003, uma missionária americana é morta a tiros no Líbano por um suposto militante islâmico com três tiros na cabeça, em uma clínica de uma igreja no sul do Líbano. Bonnie Weatherall, uma californiana de 31 anos e assistente de enfermagem no centro de saúde para mulheres, foi baleada durante a manhã, quando ingressava no edifício, na cidade portuária de Sidon, a 45 quilômetros ao sul de Beirute.

O marido dela, Gary, britânico, disse que perdoa o assassino e afirmou estar convencido de que ela também perdoaria. “Perdôo qualquer um que fez istoHoje Bonnie está com o Senhor, e ela está contente no céu”. (leia aqui)

Perdão é uma coisa e justiça é outra

Em 1997, o menino Ives Yossiaki Ota, de oito anos, foi seqüestrado por três homens em sua própria casa, na zona Leste de São Paulo e, um dia depois, morto com dois tiros no rosto. Desesperado, o pai de Ives chegou a pensar em matar os três seqüestradores, mas decidiu deixar a arma e levar uma Bíblia para o tribunal. Ao invadir a sala onde estavam os acusados, colocou o dedo no peito de cada um deles e pediu que o olhassem nos olhos.

Porém, surpreendeu a todos: ele disse para os bandidos que não queria matá-los, mas, sim, perdoá-los. Em 2001, o comerciante declarou que o ato de perdoar os assassinos do filho não significava que queria que eles fossem soltos, mas era uma forma de tirar o ódio de dentro dele. “Perdão é uma coisa e justiça é outra. A justiça tem de ser cumprida”. (leia  aqui)

É uma questão de tempo e fé

Nem todas as mães que vivenciaram perdas trágicas tiveram a experiência renovadora do perdão. Mas observei que, as pessoas que têm fé, ao perdoar seu inimigo, reconhecem o ato de Jesus na cruz, ao perdoar seus algozes. Por isso somos cristãos, ou seja, seguidores de Cristo. Não estou aqui falando de religião, mas de fé genuína em Deus .

Li nos jornais que a comerciante Rosa Cristina Fernandes, mãe do menino João Hélio, disse queperdoa os pais dos jovens que assassinaram seu filho. Mas, ressalvou que, para o crime, não existe perdão. Achei interessante ela dizer “para o crime“. Por que não disse “para osassassinos“? Ela declarou que havia levado o filho para a evangelização. Então, ela tem fé! É só uma questão de tempo… O perdão é divino. (leia aqui)

Portanto, meus amigos, não pensem que sou iluminada ou uma melhor que ninguém. Se eu e essas pessoas não tivéssemos a fé que temos, talvez hoje não vivenciaríamos a bênção revitalizadora do perdão. Não sou a favor de se perdoar o crime. Este, não tem perdão. Perdão é para o pecador, não para o crime, que deve ser punido, com certeza.

Quem perdoa sabe que Deus é justiça e, por isso mesmo, suas leis jamais se enganam. Perdoar é receber com resignação os fatos que não se pode evitar ou mudar, com a certeza de que a justiça divina não se equivoca e nada acontece conosco se o criador não permitir.

“Perdão é uma coisa e justiça é outra. A justiça tem de ser cumprida.”

desenhos de Roberto Carlos, scj

(Extraído da página eletrônica: http://drang.com.br/blog/2007/03/maes-perdoam/)

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