Amor eterno, elo indestrutível que nos mantém unidos àqueles que em Cristo ressuscitaram.

Abraço eterno

Só nós sabemos o tamanho da dor que carregamos no coração. Quando conseguimos entender nosso ritmo e limites, torna-se possível, aos poucos, reorganizarmos a vida e recomeçar. Devagarinho a paz vai chegando e de repente nos pegamos rindo, produzindo, trabalhando, divertindo, enfim, vivendo novamente. Que seja tudo no tempo certo, sem grandes cobranças e exigências.

A experiência de perder alguém que amamos traz muita dor e desorganização e nos coloca diante de intensas e difíceis emoções que podem dar a impressão de que a vida nunca mais será a mesma. E de fato não será. Será outra porque aquele que perde um filho, filha ou ente querido é modificado por esta vivência, passando por um processo que o leva a construir novos significados, uma nova compreensão da vida.  A perda de um filho, filha ou ente querido traz mudanças radicais em nossa vida.

Quando o sofrimento chega, existe uma resistência natural a este estado e uma necessidade imperiosa de nos livrar dele. Surgem as perguntas, que no fundo sabemos que ficarão sem respostas. É nas maiores perdas que geralmente se ganha a certeza de que existe um Deus vivo, um Pai amoroso, que jamais nos deixa sozinhos. Depois deste encontro definitivo, os questionamentos diminuem, a aceitação é maior, a dor vai se acalmando e se transforma em esperança.

Quando passamos por algum sofrimento, nossa mente faz verdadeiros malabarismos para elaborar e processar uma verdade que é inaceitável.  É preciso um tempo para aprendermos a lidar com essa nova realidade, repentina, cruel e terrível. Leva um tempo para conseguirmos elaborar melhor a situação e retomarmos a vida que precisa ser vivida.

Cada um necessita de um tempo só seu para reformular conceitos e aprofundar na fé. E ela, e só ela, nos faz aos poucos entender que a vida dos nossos filhos ou entes queridos não acabou, mas se transformou em vida eterna, e que embora desperte em nós uma saudade tão grande e indescritível, um dia vamos nos reencontrar. Essa certeza de fé nos impulsiona a  lutar, a confiar, a seguir em frente.

Fácil, com certeza não é, mas à medida que avançamos na fé, que fazemos a nossa parte, rezando e confiando, que permitimos Deus agir em nosso ser, nosso coração vai se acalmando, as boas e felizes lembranças começam a vir à tona, e nós vamos, aos poucos, reaprendendo a viver.

Com a saudade temos que conviver… Que ao menos ela seja uma saudade saudável, que nos ajude a reviver situações alegres, lembranças emocionantes, palavras ditas, emoções compartilhadas… Que nela encontremos um refúgio onde possamos chorar e sorrir. E quando isto acontece, adquirimos a certeza de que o Amor é realmente eterno; é o elo indestrutível que nos mantém para sempre unidos àqueles que em Cristo já ressuscitaram, e que, portanto, continuam VIVOS e na Paz eterna.

Quando o coração se acalma vem a compreensão de que é chegada a hora de agradecermos pela vida vivida com eles, sua companhia, atenção, cuidado, carinho, os beijos e os abraços, e principalmente a Deus, pelo presente maravilhoso que nos foi dado, pelo privilégio de termos convivido com os nossos filhos que já vivem a vida eterna.

Que Nossa Senhora, Mãe Consoladora, interceda por nós e nos ajude a prosseguir, firmes na certeza de que um dia nos reencontraremos no Céu.