Reflexão do mês de agosto

Maria a Mãe precursora do Grupo Filhos no Céu

            Hoje é o dia onde lembramos que Nossa Senhora inaugurou a sua entrada no céu, para ser coroada pelo Seu Filho como Rainha do céu. Neste mesmo território encontram-se os nossos filhos, as nossas filhas. Num tempo que é eterno, onde não se carece de sofrimento, pois não se sabe mais o que significa isso.

Maria não é só Rainha do céu, é a Mãe do Filho de Deus, a Esposa do Espírito Santo a escolhida pelo Dedo de Deus. A Mãe Precursora do Grupo Filhos no Céu.

Na Sua imensa Dor lá esta a Pietá, antes de vê-Lo Ressuscitado de frente aos Seus olhos, ela acolheu em seus braços o corpo do Filho, sente a dor de mãe que não compreende como a história poderia terminar daquela forma. E apenas O segura, é o Seu Filho. É a nossa dor.

Será que Maria passou pelas dúvidas que são tão comuns diante da despedida que temos que fazer forçosamente quando nossos filhos partiram para o céu? Será que Maria sentiu-se consolada ao tê-Lo em seus braços? Quais foram suas dores e qual era o tamanho de sua fé quando sentia saudade?

Neste instante sabemos que a fé não é removida, ela continua movimentando o nosso espírito, mas é a nossa relação com Deus que se modifica quando um filho parte para o céu, como também modifica a nossa relação com o filho, pois ele não é mais presente aos nossos olhos. Assim, com Maria e a Santíssima Trindade, compreendemos melhor, que as relações mudam, e através dos olhos da fé podemos crer que nossos filhos estão próximos a Deus.

Então, voltamos os olhos para essa serva chamada Maria, que não se deteve ao saber que sua prima estava grávida, e não era o fato de estar concebida pelo Espírito Santo, por esperar o Filho que Deus que a impediu de servir.

Essa mãe, com suas dores sofreu e sobreviveu, e não deixou de servir, de intervir, de interceder, ela estava com os amigos de Seu filho no Cenáculo. Teria Maria a opção de fazer algo diferente? Poderia ela não estar ali com eles? Ela sempre solicita serviu na gravidez da prima, no casamento de seus amigos, no Cenáculo, estava sempre pronta para servir.

Quando temos um filho no céu, notamos que a vida é feita de pequenas ações dentro do contexto onde vivemos. Muitas vezes entre lágrimas os nossos passos vão sendo conduzidos, e o nosso pranto vão se transformando na medida em que vamos nos ofertando de forma diferente para servir também. E servir a quem por aqui ficou e necessita de ajuda.

Também, começamos a compreender que somos nós agora peregrinos a caminho do território Sagrado, percorremos o mesmo caminho feito por Nossa Senhora, apesar da certeza da vida eterna, ela continuou humana até o dia que foi elevada ao céu.   Teria Maria algum privilégio diferente do nosso?

Ela sentia saudade, mas foi uma mãe que não se apequenou diante da morte do Filho, ficou de pé, ficou próxima por quanto tempo pode, desceu no alto do Gólgota, ela precisava reagir e com dor, foi rezar, foi revisitar a sua fé, sua relação com Deus e principalmente a sua relação com quem estava por perto e precisando de seus serviços.

Detenhamos os nossos corações sobre as atitudes de Maria e aprendemos com ela, que foi a precursora do Grupo Filhos no céu, a seguir a diante pela vida, com fé, amor e dedicação.

Pergunte-se entre vocês pais e mães do Grupo Filhos no céu: No que posso ser como Maria? Seria na intercessão por pais e mães que sofrem com a saudade? Seria em meio a família? Seria no serviço da caridade? Seria no perdão? No que sou como Maria?

Eliete Gomes

O QUE RESTA A CADA UM

Vou contar-lhes algo que aconteceu ao internacionalmente conhecido violinista Yitzjak Perlman e que me foi contado por um amigo que esteve presente na ocasião. Como de costume, no dia 18 de novembro de 1995, Perlman subiu ao palco para dar um concerto no Lincoln Center, em Nova York.

Se você alguma vez assistiu a um concerto do músico, sabe que não é fácil ele subir no palco. Teve poliomielite na infância, usa aparelho em ambas a pernas e caminha com ajuda de duas muletas. Vê-lo avançar no palco, um passo de cada vez, lentamente, é algo impressionante. Caminha com dor, mas majestosamente, até chegar ao seu lugar. Senta-se, coloca as muletas no chão, empurra um pé para trás e estende o outro para frente. Abaixa-se, pega o violino, coloca-o apoiado no queixo, faz um sinal de assentimento para o maestro e começa a tocar.
O público está acostumado a esse ritual.

Mas nesse dia, algo saiu errado. Ao terminar um dos primeiros compassos, uma das cordas do violino arrebentou. Foi possível escutar o ruído, que soou como um disparo. Não havia dúvida sobre o que acontecera. E também sabia o que Perlman teria de fazer. Meu amigo descreveu assim o que ocorreu:

– Achamos que ele teria que se levantar, pegar as muletas e sair mancando do palco para buscar outro violino ou outra corda. Mas não o fez. Esperou um momento, fechou os olhos e fez um sinal ao maestro para reiniciar. A orquestra começou e ele retomou de onde havia parado. E tocou com tal paixão, força e pureza…tocou como nunca. Eu sei, e muitos sabem, que é impossível tocar uma obra sinfônica com somente três cordas, mas nesta noite Yitjak Perlman negou-se a aceitar essa verdade. Era possível vê-lo modulando, modificando, recompondo mentalmente a obra. Em um dado momento, parecia afinar novamente as cordas para extrair dali sons nunca emitidos. Quando terminou, havia um impressionante silêncio na sala. E, em seguida, o público se ergueu e houve uma explosão extraordinária de aplausos dos quatro cantos da platéia. Estávamos todos de pé, gritando e aplaudindo, fazendo todo o possível para demonstrar o quanto apreciáramos o que ele fizera. Perlman sorriu, limpou o suor da testa, levantou o arco para que nos calássemos e disse (não com presunção, mas em um tom baixo, pensativo, reverente):

– “Sabem, às vezes a tarefa do artista é descobrir quanta música se pode fazer com o que nos resta”.

Que pensamento tão poderoso! Permaneceu na minha mente desde que o escutei pela primeira vez. Às vezes, a tarefa do artista é descobrir quanta música se pode fazer com o que nos resta. Vocês não a vêem como uma bela definição para a nossa vida? Para todos aqueles que sentem incompletos, que acreditam não haver mais música na vida? Perlman nos ensina que nossa tarefa é fazer música primeiro com tudo o que tivermos a nosso alcance e, em seguida, quando isso não for mais possível, utilizar o que nos resta.

Também nós, em algum momento da vida, encontramo-nos com uma corda a menos. Mas devemos continuar, porque o desafio é “descobrir quanta música se pode fazer com o que nos resta”.

Sofremos de dor e choramos a perda de um ser amado; sentimos que se interrompeu a música da nossa vida. Mas, em algum momento, não em um dia ou em uma semana, não de modo repentino, mas sim lentamente, por vezes um passo para frente e dois para trás, devemos começar a reagir. Devemos nos recompor novamente.

Nesses dias de aflição, lembrem-se da melodia, concentrem-se nela. Escutem a canção de sua vida. Empenhem-se com todo o seu ser. Escutem-na agora e levem a mensagem a seu coração, não só como consolo, mas também como uma inspiração, para que dessa recordação, dessa dor e tristeza, possamos encontrar a força e determinação para continuar com a melodia de nossas vidas. Porque o maior desafio, o principal imperativo, consiste em descobrir quanta música podemos fazer com o que nos resta a partir do momento em que nossos entes queridos não estão mais conosco.

Rittner, Marcelo – Aprendendo a dizer adeus, Editora Planeta, 2004


Um abençoado final de semana a todos!!!

Que as lágrimas não nos impeçam de nos lembrar…

Que as lágrimas não nos impeçam de nos lembrar…

© Letícia Thompson

Que as lágrimas não nos impeçam de nos lembrar que uma pessoa que chega na nossa vida é um presente que nos foi oferto.

Há presentes assim valiosos que não duram muito, quando nossos corações desejariam que durassem eternamente e ignoramos por que eles se vão quando a vida parece apenas começar.

Mas se nos perdemos nesse mundo de questões sem respostas, a dor será muito maior que as lembranças de tudo o que a vida nos permitiu juntos enquanto durou a caminhada na terra.

Se tivéssemos que voltar atrás, teríamos preferido não ter encontrado, não ter conhecido, somente por que não pudemos guardá-lo no nosso seio mais tempo?

Não…

O vento passa, mas nos refresca; a chuva vem e vai, mas sacia a terra. O importante mesmo não é a quantidade de tempo que as coisas ou pessoas duram, mas a riqueza que elas trazem à nossa alma, o amor que nos permitimos dar e o que aceitamos receber.

As dores das partidas definitivas são indizíveis, indefiníveis, mas que elas nunca nos impeçam de nos lembrar da vida compartilhada.

Que as lágrimas não nos impeçam de sorrir novamente um dia quando a dor for mais amena e as lembranças felizes começarem a voltar, como as flores no jardim a cada primavera.

A eternidade existe para que esperemos por ela, para que tenhamos o consolo de saber que um dia, se o Deus-Pai permitir, Ele que nos ama de amor infinito, poderemos novamente nos encontrar.