Reflexão do mês de Setembro

 

“Uma espada traspassará a tua alma!” (Lc 2,35b)

Setembro é o mês da “Participação”. O tempo no qual a Igreja nos convida a refletir sobre o imenso mistério da dor de Maria profetizado pelo velho Simeão, quando participará assim profundamente, visceralmente, com todo o seu ser, à desconcertante paixão de seu Filho Jesus e será assim estreitamente unida a Ele, levantado sobre a cruz, que uma espada transpassará a sua alma.

A Palavra de Deus, “mais cortante que qualquer espada de dois gumes”, que se revela e se cumpre na vida de seu Filho, na sua paixão e morte, penetra assim profundamente na carne de Maria que chega “até o ponto da divisão da alma e do espírito” para que sejam perscrutados “os sentimentos e os pensamentos do seu coração”(Hb 4,12). E, na noite da fé, os discípulos de todos os tempos aprendam dela a seguir Jesus com a mesma incondicionada participação, com a mesma fé, a mesma esperança, o mesmo amor, para poder participar também da sua glória da ressurreição.

Quem viveu a mesma atroz experiência da morte d um filho, conhece bem os momentos de escuridão da fé que acompanham uma dor tão grande, quando Deus parece desmentir a si mesmo e te vês privado do dom de tantas promessas, quando o Deus em quem esperavas e pensavas onipotente se apresenta como um espancado e parece incapaz de prender as forças tenebrosas do mal que envolvem teu filho.

É como se naquele momento Deus mesmo morresse no profundo do teu coração. É de fato muito mais fácil suportar a dor quando vem dos homens e sabes que Deus está contigo, mas torna-se intolerável pensar que Deus “parece ter fechado na ira o seu coração” (Sl 77,10), quando te sentes abandonado por Ele ou, pior, quando parece ter abandonado o teu filho. “Por que, Senhor, o abandonastes?”

Quem sabe se também o questionou Maria, bebendo até o fim o mesmo cálice amargo do seu Jesus. Compartilhou com Ele, mesmo se de modo diverso e subordinado, aquele sofrimento mais profundo e redentor que toma sobre si as amargas consequências do pecado, a distância, o silêncio, o juízo e até mesmo a ira de Deus.

Perscrutando os pensamentos do seu coração no momento da provação, Deus reencontrou nele o mesmo “sim” do dia da anunciação, incontaminado, imutável. Estando “em pé” sob a cruz continuou em silêncio a oferta total de si ao Pai: “eis-me, tenho plena confiança em ti”>. Com o seu martírio continuou a total coparticipação com seu Filho: “eu estou aqui, estou e sofro contigo, unida estreitamente a ti”. “Esta ‘nova’ maternidade de Maria, gerada pela fé, é fruto do ‘novo’ amor, que amadureceu nela definitivamente aos pés da cruz mediante a sua participação no amor redentor do Filho”.(RM 23)

Rezando:

Neste mês irradiado pela luminosa presença da Assunção de Maria, os meus olhos estão voltados para as coisas do Céu ou para as coisas da terra? Participo com meu filho, com os anjos e os santos da festa do Céu?

“Deus onipotente e eterno que elevastes à glória do céu, em corpo e alma, a Imaculada Virgem Maria, Mãe de Cristo Teu Filho, faz que vivamos neste mundo constantemente voltados para os bens eternos para participar depois da mesma glória.”

Andreana Bassanetti

RESSIGNIFICAR

Hands releasing a butterfly

RESSIGNIFICAR… eis a chave para conviver melhor com essa saudade. Dar um novo sentido ao abraço que ficou solitário, aos sonhos que já não fazem mais sentido, é uma conquista diária no tempo que vai seguindo seu curso. E é o próprio Deus que vai nos apresentando oportunidades, caminhos … é só confiar.

Certa vez ouvi Pe. Fábio de Melo dizer: não temos a capacidade de ressuscitar os mortos, mas que saibamos ressuscitar os vivos. Muitos precisam de nós.
E no encontro de Set/15, quando me preparava pra comungar com pe. Rogério, meu coração avisou:

“Recebe Aquele que seu filho já abraça na eternidade.” A partir daí, minhas missas estão ressignificadas.

Saudades de vcs, família Filhos no Céu.

Que o Senhor continue nos ressignificando e nos abençoando.

Stela Pinheiro

Ombro amigo

De todas as dores da vida, a dor do luto pela morte de um(a) filho(a) é, sem dúvida nenhuma, a dor mais intensa e indescritível.

A caminhada por essa vida nos faz deparar, em vários momentos, com situações de sofrimento, embora nada se iguale à dor da perda de um(a) filho(a). Não é fácil viver sem a presença daquele que amamos. A dor do luto dói na “alma”, aperta o peito e esmaga o coração.

É nessa hora que o ombro amigo é indispensável. Tanto a família como os amigos são importantes nesse processo do luto. Estar ao lado, a presença amiga tem um significado muito profundo. Não se trata de saber o que falar, o silêncio às vezes diz muito mais que muitas palavras. E ainda não corre o risco de dizer palavras duras para o momento.

Para a pessoa que está em luto basta saber e sentir que tem alguém com quem possa falar, ou simplesmente chorar, sem qualquer cobrança ou censura. Cada um tem seu tempo e seu jeito de chorar essa dor.

Ao familiar ou amigo cabe apenas estar ao lado, fazer-se presente na hora da dor. Com o tempo as coisas se ajeitam, a pessoa reaprende a viver e vai dando rumo à sua vida. Mas é no tempo dela.

É importante saber respeitar cada etapa do luto. Pode ser que a pessoa deseje falar o tempo todo sobre o (a) filho(a), mas pode ser também que prefira silenciar e nada queira falar.

Em datas importantes, como aniversários, natal, páscoa, dia das mães, dos pais, enfim, datas especiais, são particularmente mais difíceis de viver. Não exija que a pessoa participe como antes. Respeite seu estado emocional e esteja ao lado dela apoiando para que não se sinta sozinha.

Tenha paciência se a pessoa ainda não está preparada. Claro que é importante ajuda-la a perceber que a vida continua, dar toques, mas nada além do que ela possa suportar. É estando por perto que se descobre como criar situações que contribuam para o retorno dessa pessoa às atividades do dia a dia. A sensibilidade é fundamental para se descobrir momentos certos de falar e de calar.

O ombro amigo pode, além do apoio, ajudar a pessoa a reencontrar o caminho de volta à vida, a perceber que embora a dor seja muito forte, é preciso segurar firme nas mãos de Deus, apoiar-se nos familiares e amigos, e seguir em frente, sem desanimar, sem desesperar, certos de que no final da missão haverá o tão esperado e desejado reencontro com os filhos no céu.

Grupo de Reflexão “Filhos no Céu”